quinta-feira, 13 de junho de 2013


ALAVI, Maryam, LEIDNER, Dorothy E. Review: Knowledge Management and Knowledge Management Systems: Conceptual Fundations and Research Issues. MIS Quarterly, v. 25, n. 1, p. 107-136, 2001

 
As autoras apresentam o conceito de conhecimento em diversas literaturas. Afirmam que há um crescente interesse em tratar do conhecimento como recurso organizacional, ou seja, como gestão do conhecimento. Destacam o papel primordial da tecnologia da informação, que pode ser utilizada para sistematizar, aperfeiçoar e dinamizar o conhecimento (p. 108).

O artigo está estruturado da seguinte forma: na primeira parte, faz uma revisão de literatura; logo a seguir, enaltece o papel das tecnologias da informação e discute os temas de investigação que surgiram a partir da revisão de literatura, apresentando ao final algumas conclusões a respeito do trabalho realizado.  

Inicialmente é abordado o conceito de conhecimento, que, segundo as autoras, vem sendo construído historicamente, e de como ele é entendido na gestão organizacional, sendo apresentadas as suas definições. Embasam seu seus estudos sobre o conhecimento autores com Prusak e Fahey.

Adiante é realizada a distinção entre conhecimento, dado e informação à luz da teoria de diversos autores. Parte-se do pressuposto de que se o conhecimento não se diferencia de dado e informação então não há inovação na gestão do conhecimento. Tem-se que conhecimento é a informação personalizada (p. 109) que é relacionada a fatos, procedimentos, conceitos, interpretações, ideias, observações e juízos. O conhecimento quando estruturado leva à informação e esta, aos dados. Para Tuomi (1999) a informação converte-se em conhecimento ao ser processada na mente dos indivíduos e é apresentada por meio de símbolos. O conhecimento não existe fora de um agente (p. 109). Isso implica que para ter o mesmo entendimento de dados e informação, deve-se ter em comum a base do conhecimento (p.109).

No próximo item são descritas as perspectivas alternativas sobre o conhecimento, nas quais ele aparece como “estado de espírito”, quando se concentra em criar condições para que os indivíduos possam expandir seus conhecimentos pessoais e aplicá-los às necessidades da organização; “objeto”, quando coisa a ser armazenada e manipulada; “processo”, quando conhecimento e ação são simultâneos, ou seja, centra-se na sua aplicação; “condição de aceso a informação”, ao creditar que o conhecimento organizacional deve ser organizado de forma a facilitar o acesso e recuperação do seu conteúdo e, finalmente, como “capacidade”, que seria a de interpretar as informações e influenciar ações futuras (p.109). O artigo ressalta que os diferentes pontos de vista sobre o conhecimento acarretam diferentes percepções da gestão do conhecimento, o que leva também à utilização de estratégias diferenciadas. Entender esses diferentes pontos de vista é primordial para verificar as necessidades de uma organização.

O conhecimento traz três pontos emergentes da discussão anterior, ou seja, de que há uma ênfase em diferenciar dado, informação e conhecimento; de que o conhecimento é personalizado e tem que ser expresso para ser utilizado por outros e que o acúmulo de informações sem a devida reflexão torna-se pouco útil. O aprendizado desse conhecimento surge pela capacidade de refletir sobre ele.

Na taxionomia do conhecimento expressam-se as suas dimensões explícita e tácita. A primeira dimensão refere-se ao conhecimento codificado, que é comunicado por meio de símbolos. A segunda é composta de elementos cognitivos e técnicos. Os elementos cognitivos são os mapas mentais, crenças, paradigmas etc. e os elementos técnicos referem-se às competências que se aplicam a um contexto específico (p.110). O artigo aborda também o conhecimento individual e coletivo, que são mutuamente dependentes. Seria a articulação entre o conhecimento tácito e explícito. Entende-se que a tecnologia surge para permitir essa interação.

Na segunda parte, constata-se que, embora os conhecimentos explícito e tácito sejam amplamente divulgados, existem outros, a exemplo do conhecimento declarativo, processual, condicional e relacional. Trata-se, no entanto, de classificar o conhecimento útil na organização, qual seja: o conhecimento sobre os clientes, concorrentes, produtos, processos, melhores práticas etc.

A gestão do conhecimento pretende aproveitar o conhecimento coletivo na organização (p.113). Essa é uma questão de sobrevivência da própria empresa, pois assim ela se torna competitiva e permite a inovação. Para tanto, porém, deve haver investimentos em gerenciamento de projetos, em tornar o conhecimento disponível, partilhar conhecimento, busca proativa do conhecimento, criar ferramenta de conexão entre as pessoas. Nesse ponto, incluem-se os sistemas de tecnologia da informação que vem apoiar e melhorar o processo de criação do conhecimento organizacional (pag.103). São valorizadas também as redes de conhecimento e a construção de comunidades de prática e de conhecimento compartilhado. São os espaços de criação que vão dando novo visual ao desenho organizacional.

 A sociologia do conhecimento traz a sua contribuição, pois vê a organização como um sistema de conhecimento, que mantém uma rede de interligações e interdependência. É um organismo dinâmico e seus processos de conhecimento, criação, armazenamento, transferência e aplicação estão interligados.

A criação do conhecimento envolve trocas, substituições de conteúdos já apreendidos, ou seja, requer uma mudança de mentalidade, uma mudança na cultura organizacional. Solicita uma constante interação entre o conhecimento tácito e explícito (p. 116), bem como a criação de um lugar comum para gerar conhecimento, no qual as pessoas tendem a compartilhá-lo.

O armazenamento do conhecimento tem relação com a memória organizacional que é classificada com semântica ou episódica (p.118), envolve a cultura organizacional e pode influir tanto positiva como negativamente no comportamento.

A transferência do conhecimento ocorre em vários níveis, que podem ser formais, informais, pessoais e impessoais; entre indivíduos, entre indivíduos e grupos, entre os grupos ou a partir deles para a organização. A transferência do conhecimento está relacionada à aprendizagem organizacional.

Quanto à aplicação do conhecimento, a tecnologia deve facilitar a sua aplicação em rotinas organizacionais. A tecnologia facilita e integra a aplicação do conhecimento, além de aperfeiçoar e sistematizá-lo.

Desse estudo, além das observações já realizadas ao longo do texto, compreende-se que a gestão do conhecimento é um processo dinâmico, que integra indivíduos e grupos e proporciona um melhor desempenho da organização, juntamente com os sistemas de gestão do conhecimento.

 
Nadja Lélis é aluna do Mestrado Profissional em Gestão em Organizações Aprendentes da Universidade Federal da Paraíba - UFPB

Um comentário:

  1. O conhecimento foi abordado de forma bastante aprofundada na resenha, desde a construção histórica até sua utilização como recurso para gestão organizacional, além da Interessante ênfase dada às perspectivas alternativas sobre o conhecimento. Essa análise é importante para que possamos compreender as maneiras como o conhecimento do indivíduo pode ser identificado e melhor aproveitado na organização.
    Concordo com sua colocação quando explica que a gestão do conhecimento “é uma questão de sobrevivência da própria empresa, pois assim ela se torna competitiva e permite a inovação”. Esse fato nos instiga para uma reflexão sobre os desafios da aplicação da gestão do conhecimento de forma alinhada aos negócios e objetivos estratégicos da organização.

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