ALAVI, Maryam, LEIDNER,
Dorothy E. Review: Knowledge Management and Knowledge Management Systems:
Conceptual Fundations and Research Issues. MIS Quarterly, v. 25, n. 1,
p. 107-136, 2001
As autoras apresentam o conceito de conhecimento
em diversas literaturas. Afirmam que há um crescente interesse em tratar do
conhecimento como recurso organizacional, ou seja, como gestão do conhecimento.
Destacam o papel primordial da tecnologia da informação, que pode ser utilizada
para sistematizar, aperfeiçoar e dinamizar o conhecimento (p. 108).
O artigo está estruturado da
seguinte forma: na primeira parte, faz uma revisão de literatura; logo a seguir,
enaltece o papel das tecnologias da informação e discute os temas de
investigação que surgiram a partir da revisão de literatura, apresentando ao
final algumas conclusões a respeito do trabalho realizado.
Inicialmente é abordado o
conceito de conhecimento, que, segundo as autoras, vem sendo construído
historicamente, e de como ele é entendido na gestão organizacional, sendo apresentadas
as suas definições. Embasam seu seus estudos sobre o conhecimento autores com Prusak
e Fahey.
Adiante é realizada a
distinção entre conhecimento, dado e informação à luz da teoria de diversos
autores. Parte-se do pressuposto de que se o conhecimento não se diferencia de
dado e informação então não há inovação na gestão do conhecimento. Tem-se que
conhecimento é a informação personalizada (p. 109) que é relacionada a fatos,
procedimentos, conceitos, interpretações, ideias, observações e juízos. O
conhecimento quando estruturado leva à informação e esta, aos dados. Para Tuomi
(1999) a informação converte-se em conhecimento ao ser processada na mente dos
indivíduos e é apresentada por meio de símbolos. O conhecimento não existe fora
de um agente (p. 109). Isso implica que para ter o mesmo entendimento de dados
e informação, deve-se ter em comum a base do conhecimento (p.109).
No próximo item são descritas
as perspectivas alternativas sobre o conhecimento, nas quais ele aparece como
“estado de espírito”, quando se concentra em criar condições para que os
indivíduos possam expandir seus conhecimentos pessoais e aplicá-los às
necessidades da organização; “objeto”, quando coisa a ser armazenada e
manipulada; “processo”, quando conhecimento e ação são simultâneos, ou seja,
centra-se na sua aplicação; “condição de aceso a informação”, ao creditar que o
conhecimento organizacional deve ser organizado de forma a facilitar o acesso e
recuperação do seu conteúdo e, finalmente, como “capacidade”, que seria a de
interpretar as informações e influenciar ações futuras (p.109). O artigo
ressalta que os diferentes pontos de vista sobre o conhecimento acarretam diferentes
percepções da gestão do conhecimento, o que leva também à utilização de
estratégias diferenciadas. Entender esses diferentes pontos de vista é
primordial para verificar as necessidades de uma organização.
O conhecimento traz três
pontos emergentes da discussão anterior, ou seja, de que há uma ênfase em diferenciar
dado, informação e conhecimento; de que o conhecimento é personalizado e tem
que ser expresso para ser utilizado por outros e que o acúmulo de informações
sem a devida reflexão torna-se pouco útil. O aprendizado desse conhecimento surge
pela capacidade de refletir sobre ele.
Na taxionomia do
conhecimento expressam-se as suas dimensões explícita e tácita. A primeira dimensão
refere-se ao conhecimento codificado, que é comunicado por meio de símbolos. A
segunda é composta de elementos cognitivos e técnicos. Os elementos cognitivos
são os mapas mentais, crenças, paradigmas etc. e os elementos técnicos
referem-se às competências que se aplicam a um contexto específico (p.110). O
artigo aborda também o conhecimento individual e coletivo, que são mutuamente
dependentes. Seria a articulação entre o conhecimento tácito e explícito.
Entende-se que a tecnologia surge para permitir essa interação.
Na segunda parte, constata-se
que, embora os conhecimentos explícito e tácito sejam amplamente divulgados,
existem outros, a exemplo do conhecimento declarativo, processual, condicional
e relacional. Trata-se, no entanto, de classificar o conhecimento útil na
organização, qual seja: o conhecimento sobre os clientes, concorrentes,
produtos, processos, melhores práticas etc.
A gestão do conhecimento
pretende aproveitar o conhecimento coletivo na organização (p.113). Essa é uma
questão de sobrevivência da própria empresa, pois assim ela se torna
competitiva e permite a inovação. Para tanto, porém, deve haver investimentos
em gerenciamento de projetos, em tornar o conhecimento disponível, partilhar
conhecimento, busca proativa do conhecimento, criar ferramenta de conexão entre
as pessoas. Nesse ponto, incluem-se os sistemas de tecnologia da informação que
vem apoiar e melhorar o processo de criação do conhecimento organizacional
(pag.103). São valorizadas também as redes de conhecimento e a construção de
comunidades de prática e de conhecimento compartilhado. São os espaços de
criação que vão dando novo visual ao desenho organizacional.
A sociologia do conhecimento traz a sua
contribuição, pois vê a organização como um sistema de conhecimento, que mantém
uma rede de interligações e interdependência. É um organismo dinâmico e seus
processos de conhecimento, criação, armazenamento, transferência e aplicação estão
interligados.
A criação do conhecimento
envolve trocas, substituições de conteúdos já apreendidos, ou seja, requer uma
mudança de mentalidade, uma mudança na cultura organizacional. Solicita uma constante
interação entre o conhecimento tácito e explícito (p. 116), bem como a criação
de um lugar comum para gerar conhecimento, no qual as pessoas tendem a compartilhá-lo.
O armazenamento do
conhecimento tem relação com a memória organizacional que é classificada com
semântica ou episódica (p.118), envolve a cultura organizacional e pode influir
tanto positiva como negativamente no comportamento.
A transferência do
conhecimento ocorre em vários níveis, que podem ser formais, informais,
pessoais e impessoais; entre indivíduos, entre indivíduos e grupos, entre os
grupos ou a partir deles para a organização. A transferência do conhecimento
está relacionada à aprendizagem organizacional.
Quanto à aplicação do
conhecimento, a tecnologia deve facilitar a sua aplicação em rotinas
organizacionais. A tecnologia facilita e integra a aplicação do conhecimento,
além de aperfeiçoar e sistematizá-lo.
Desse estudo, além das
observações já realizadas ao longo do texto, compreende-se que a gestão do
conhecimento é um processo dinâmico, que integra indivíduos e grupos e
proporciona um melhor desempenho da organização, juntamente com os sistemas de
gestão do conhecimento.
Nadja Lélis é
aluna do Mestrado Profissional em Gestão em Organizações Aprendentes da
Universidade Federal da Paraíba - UFPB
O conhecimento foi abordado de forma bastante aprofundada na resenha, desde a construção histórica até sua utilização como recurso para gestão organizacional, além da Interessante ênfase dada às perspectivas alternativas sobre o conhecimento. Essa análise é importante para que possamos compreender as maneiras como o conhecimento do indivíduo pode ser identificado e melhor aproveitado na organização.
ResponderExcluirConcordo com sua colocação quando explica que a gestão do conhecimento “é uma questão de sobrevivência da própria empresa, pois assim ela se torna competitiva e permite a inovação”. Esse fato nos instiga para uma reflexão sobre os desafios da aplicação da gestão do conhecimento de forma alinhada aos negócios e objetivos estratégicos da organização.