quarta-feira, 12 de junho de 2013

Resenha - Texto de Maryam Alavi e Dorothy E. Leidner

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
Mestrado Profissional: Gestão em Organizações Aprendentes - MPGOA
Disciplina: Gestão da Informação e Modelagem da Informação
Professora: Dra. Maria Gorete de Figueiredo

Resenha do texto Review: Knowledge Management and Knowledge Management Systems: Conceptual Foundations and Research Issues (Análise: Gestão do Conhecimento e Sistemas de Gestão de Conhecimento: fundamentos conceituais e questões de pesquisa), que tem como autores Maryam Alavi e Dorothy E. Leidner, e publicação no MIS Quarterly, V. 25, 2011.

Autor da resenha: Evandro Farias Rocha, aluno da Turma 3 - 2012 do MPGOA
evdrocha@gmail.com

Apesar de ser um tema relativamente novo (início da década de 90), a prática da gestão do conhecimento associada às tecnologias de informação e comunicação – TIC, vem se consolidado como um processo sistêmico de identificação, criação, renovação e aplicação dos conhecimentos estratégicos nas organizações, possibilitando a criação, ao longo do tempo, de condições favoráveis para obtenção de vantagens competitivas baseadas em conhecimento.
O texto Review: Knowledge Management and Knowledge Management Systems: Conceptual Foundations and Research Issues (Análise: Gestão do Conhecimento e Sistemas de Gestão de Conhecimento: fundamentos conceituais e questões de pesquisa), de Maryam Alavi e Dorothy E. Leidner, traz uma análise e interpretação da gestão do conhecimento e dos sistemas de gestão do conhecimento, sob a ótica de diferentes campos do saber, objetivando identificar e sistematizar as áreas de maior relevância no tratamento da gestão do conhecimento; dando especial atenção a influência do potencial das tecnologias da informação (TI) como condicionante para uma execução sistematizada, integrada e ágil da gestão conhecimento. Os autores baseiam sua pesquisa em uma revisão sistemática da literatura e na análise de processos consolidados de gestão do conhecimento em várias organizações.
Para uma melhor compreensão do significado da gestão do conhecimento, Alavi e Dorothy apresentam uma perspectiva alternativa à clássica visão hierárquica dado, informação e conhecimento. Eles reproduzem o pensamento de Huber, 1991 e Nonaka, 1994, que parte da crença de que o conhecimento aumenta a capacidade da entidade realizar uma ação eficaz. Neste sentido, o conhecimento pode ser visto como: um estado de espírito; um objeto; um processo; uma condição de acesso à informação; ou uma capacidade. Obviamente, os diferentes pontos de vista do conhecimento conduzem a diferentes percepções da gestão do conhecimento (Carlsson et al. 1996).
Dentro do escopo da tecnologia da informação, os autores destacam a citação de Watson (1999), para quem o conhecimento pode ser entendido como uma capacidade de acesso, interpretação e utilização da informação para auxiliar na tomada de decisão.
Alavi e Dorothy, seguindo os passos de Polanyi e Nonaka, destacam duas dimensões para o conhecimento: o conhecimento tácito e conhecimento explicito. O primeiro como representação dos elementos cognitivos e técnicos dos indivíduos, e o segundo como conhecimento articulado, codificado, possivel de ser comunicado na forma de símbolos ou linguagem natural.
Qualquer que seja a perspectiva ou dimensão do conhecimente, os autores procuram sempre estabelecer um nexo entre a TI e as diversas fases dos processos de criação e gestão gestão do conhecimento. Seja qual for a perspecitiva adotada, a capacidade de utilizar informação, aprendizagem e experiência resultam em uma maior capacidade de interpretar as informações necessárias para a tomada de decisão.
A gestão do conhecimento é considerada um processo que envolve várias atividades. Nas organizações o tema ainda é muito recente, estudos demonstram que a falta de políticas e ações nessa área tem provocado enormes prejuízos.
Segundo pesquisa realizada pela Cranfield University (1998), na maioria das organizações sabia-se que muito do conhecimento necessário existia dentro da organização, mas sem ser identificado e aproveitado, permanecendo o problema.
Segundo Hackbarth (1998), a gestão do conhecimento aumenta a capacidade de inovação e o tempo de respostas das organizações. Já Davenport e Prusak (1998) identificam que, em sua maioria, os projetos de gestão do conhecimento têm pelo menos um dos três objetivos: (1) tornar o conhecimento visível e mostrar o papel do conhecimento em uma organização, principalmente através de mapas, páginas amarelas, hipertexto e ferramentas; (2) desenvolver uma cultura de conhecimento intensivo, incentivando e agregando comportamentos, tais como a partilha de conhecimentos, busca pró-ativa e oferecendo conhecimento; (3) construir uma infraestrutura de conhecimentos, não só um sistema técnico, mas uma web de conexões entre pessoas determinado espaço, tempo, ferramentas, e o incentivo para interagir e colaborar. É neste sentido que se destacam os sistemas de gestão do conhecimento (KMS).
Os sistemas de gestão do conhecimento são caracterizados como uma classe de sistemas de informação aplicados à gestão do conhecimento. Seu objetivo é apoiar e melhorar os processos de criação armazenamento/recuperação, transferência e aplicação do conhecimento organizacional.
Alavi e Dorothy afirmam que três aplicações de TI estão diretamente ligadas a gestão do conhecimento organizacional: a codificação e compartilhamento de melhores práticas, (2) a criação do conhecimento corporativo em diretórios, e (3) a criação de redes de conhecimento.
Segundo Alavi e Dorothy, os sistemas Informação são concebido para apoiar e ampliar conhecimento organizacional, complementar e melhorar o conhecimento das actividades de gestão dos indivíduos e da coletividade.
O processo de criação, armazenamento/recuperação, transferência e aplicação do conhecimento, está associado a natureza social e cognitiva da organização, que por sua vez passa a compor a estrutura cognitiva e práticas do indivíduo e do grupo. As tecnologias de informação interagem nesse processo, com seus recursos (mineração de dados, base de dados, memoria organizacional, internet, etc.), como mediadora do processo de transformação da informação em conhecimento. A TI torna mais eficiente o fluxo de informação/conhecimento entre os indivíduo, os grupo e a organização.
O texto de Alavi e Dorothy se mostra inovador no sentido em que apresenta outras perspectiva para categorizar a formação do conhecimento, inclusive afastando-se da visão clássica: dado, informação e conhecimento. Por outro lado, consegue estabelecer um nexo de causalidade entre a TI, a gestão do conhecimento e os sistemas de gestão do conhecimento.