UNIVERSIDADE
FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO
DE EDUCAÇÃO – CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS
MESTRADO
PROFISSIONAL – GESTÃO EM ORGANIZAÇÕES APRENDENTES
DISCIPLINA:
GESTÃO DO CONHECIMENTO E MODELAGEM DA INFORMAÇÃO
PROFESSORA:
DRA. MARIA GORETE QUEIROGA DE FIGUEIREDO
RESENHA
Por Nadja Pessoa do Amarante
Mestranda do MPGOA da UFPB
nadjapessoa21@gmail.com
Mestranda do MPGOA da UFPB
nadjapessoa21@gmail.com
01. IDENTIFICAÇÃO DA OBRA
1.1. Título da Obra:
Gestão do
conhecimento uma revisão crítica orientada pela abordagem da criação do
conhecimento
1.2.Nome do Autor:
SILVA, Sergio Luis da.
1.3. Dados de Publicação:
Ci. Inf., Brasília, Ago 2004, vol.33, nº 2, pp.143-151. ISSN 0100-1965.
1.4. Artigo disponível
em: UFSCar - Departamento de
Ciências da Informação. http://www.dci.ufscar.br/documentos/trabalhos-docentes.
Acessado em 23 de junho de 2013.
02.
APRESENTAÇÃO DA OBRA
Neste artigo, Silva propõe as bases para “uma
bem-sucedida sistematização da gestão do conhecimento” nas organizações,
que segundo ele, é caracterizada por uma gestão organizacional que possibilite
as pessoas criar, acessar, compartilhar e renovar os conhecimentos, tanto os
que se encontram em suas mentes (conhecimento tácito) quanto os que se
encontram disponíveis em registros diversos (conhecimento explícito), a partir
do suporte das Tecnologias de Informação. Por acreditar que “uma efetiva criação
e trabalho com o conhecimento apenas ocorre em um ambiente em que existe uma
contínua conversão entre os dois formatos do conhecimento”, o autor
enfatiza em seu artigo as formas de conversões do conhecimento, quais sejam: “socialização
(tácito de um indivíduo para outro), externalização (explicitando partes do conhecimento
tácito), combinação (conhecimento explícito de um indivíduo para o grupo) e
internalização (captando no formato tácito o conhecimento explícito do grupo)”
e os diferentes usos da TI como suporte a esse processo. (SILVA 2004,
P.144)
As
palavras-chave do artigo são: Gestão do conhecimento; Conhecimento tácito;
Conhecimento explícito; Conversões do conhecimento.
03.
DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA
Em sua obra de nove páginas, o
autor explana o tema a partir da seguinte estrutura, ou linha de raciocínio: Resumo
(SILVA 2004, p. 143); Introdução (SILVA 2004, pp. 143 a 144); Parâmetros para a inserção da gestão do conhecimento na empresa (SILVA 2004, p. 144); Diferenciação do conhecimento em relação a dados e informações (SILVA 2004, pp. 144 e 145). Criação do conhecimento - formatos e conversões: Socialização;
Externalização; Combinação; Internalização (SILVA
2004, pp. 145 a 146); Facilitadores do trabalho com o formato tácito do conhecimento (SILVA 2004, pp. 146 e 147); Facilitadores do trabalho com o formato explícito do conhecimento (SILVA 2004, p. 147); Aplicações da tecnologia da informação na gestão do conhecimento: As
tecnologias da informação pioneiras no trabalho com o conhecimento; A evolução
no trabalho com o conhecimento através dos recursos da internet; Perspectivas
recentes e síntese do uso da tecnologia da informação para a gestão do
conhecimento (SILVA 2004, pp. 147 a 150); Considerações finais (SILVA 2004,
p. 150); Referências (SILVA 2004, pp. 150 a 151).
04.
DESCRIÇÃO DO CONTEÚDO
Aqui
apresento uma síntese do conteúdo, a partir dos aspectos considerados mais
relevantes sob uma ótica pessoal de compreensão e interpretação, seguindo a
estrutura de construção do artigo adotada pelo autor.
SILVA faz uma retrospectiva da
importância e do papel do conhecimento nas atividades organizacionais, partindo
da aprendizagem prática que ocorria por meio da transferência de conhecimentos
entre mestres e aprendizes nas oficinas de produção artesanal anteriores ao
advento da revolução industrial, até a implantação da Gestão do Conhecimento
nos anos 90. Seguindo a orientação de Quinn et
all (1997), o autor considera que, “a
implantação coordenada da Gestão do Conhecimento (GC) cria uma vantagem
competitiva sustentável e de difícil imitação, pois está enraizada nas pessoas
que trabalham na empresa, e não em recursos físicos, que são facilmente
imitáveis pelos concorrentes” (QUINN
et all apud SILVA
2004, p. 143).
Num
esforço de aprofundar as discussões sobre GC abordadas em artigo anterior
(SILVA, 2002), o autor amplia e aprofunda os aspectos relacionados ao lado
operacional da gestão do conhecimento, centrando-se mais especificamente, nos
seus formatos e processos de conversão, adotados em modelos de gestão para
troca de conhecimentos nas organizações.
Parâmetros para a inserção da gestão do conhecimento na empresa.
Segundo o autor, as
organizações que quiserem trabalhar com o conhecimento de forma coesa e
integrada aos seus processos de negócios, deverão compreender e adotarem
diretrizes e recomendações, sobretudo as que dizem respeito à mensuração
estratégica da aprendizagem e do conhecimento. Nesse sentido, Silva destaca
duas propostas: (1) a proposta do capital intelectual, de Edvinsson &
Malone (1998) como “a principal tentativa
de avaliar de avaliar os recursos
não-tangíveis da empresa, envolvendo marcas e patentes, valores respeitados
pela sociedade e também o conhecimento e a capacidade de aprendizado que as
pessoas de uma empresa potencialmente possuem” e, (2) a do balanced scorecard, de Kaplan & Norton (1997),
na medida em que se preocuparam com
medições da capacidade de aprendizagem da empresa, em correlação com seus
esforços estratégicos (SILVA 2004, p. 144).
Com foco nessas
abordagens, o autor categoriza e exemplifica os principais parâmetros ou
indicadores que deverão ser adotados por uma organização que deseje implementar
uma GC de alto desempenho, a saber: (1) parâmetros organizacionais (por
exemplo, disseminação do trabalho em times.); (2) parâmetros de recursos
humanos (por exemplo, programas de treinamento e formação de pessoas); e (3) parâmetros
de sistemas de informação (por exemplo, a existência e disseminação da
intranet/internet) (SILVA 2004, p. 144).
Diferenciação
do conhecimento em relação a dados e informações
SILVA faz uma análise das
discussões existentes em torno do conceito e diferenças entre dados, informação
e conhecimento, por acreditar ser importante ao entendimento da GC,
especialmente, da teoria da criação do conhecimento. A partir da revisão da
literatura, o autor apresenta os seguintes conceitos: Dados: “São simples fatos que se tornam informação,
se forem combinados em uma estrutura compreensível; os dados são pré-requisitos
para a informação” (Tuomi 1999) – Informação: “Uma informação é convertida
em conhecimento quando um indivíduo consegue ligá-la a outras informações,
avaliando-a e entendendo seu significado no interior de um contexto específico.
a informação é pré-requisito para o conhecimento” (Tuomi 1999). (SILVA 2004,
p. 144).
O autor também apresenta e
conceitua os dois tipos de conhecimentos propostos por Nonaka & Takeuchi
(1997), sendo eles: (1) Conhecimento tácito (subjetivo): “habilidades inerentes a uma pessoa; sistema de idéias, percepção e experiência;
difícil de ser formalizado, transferido ou explicado a outra pessoa”; (1) Conhecimento
explícito (objetivo): “conhecimento relativamente
fácil de codificar, transferir e reutilizar; formalizado em textos, gráficos,
tabelas, figuras, desenhos, esquemas, diagramas, etc., facilmente organizados
em bases de dados e em publicações em geral, tanto em papel quanto em formato eletrônico”.
(SILVA 2004, p. 145).
Criação
do conhecimento: formatos e conversões
Seguindo o entendimento de Nonaka & Takeuchi (1997), Silva destaca que um trabalho efetivo relacionado
à criação do conhecimento somente é
possível em um ambiente em que possa ocorrer a contínua
conversão entre o conhecimento tácito e o explícito. Para Nonaka & Takeuchi (1997) existem quatro modos de conversão, que
Silva apresenta como sendo: (1) Socialização: “Conversão de parte do
conhecimento tácito de uma pessoa no conhecimento
tácito de outra pessoa” (normalmente ocorre
por meio do diálogo e comunicação “face a face”); (2) Externalização: “Conversão de parte do conhecimento tácito do indivíduo em algum tipo de conhecimento explícito” (ocorre por meio do registro do conhecimento de uma pessoa
feito por ela mesma, por meio de planilhas, textos, imagens, figuras, regras,
manuais, etc.); (3) Combinação: “Conversão de algum tipo de conhecimento explícito gerado por um indivíduo para agregá-lo ao conhecimento explícito da organização” (costuma ocorrer por meio do agrupamento dos registros de conhecimentos, tais como sumarização e
classificação). (4) Internalização: “Conversão
de partes do conhecimento explícito da organização em conhecimento tácito do indivíduo” (acontece
por meio de aprendizado pessoal a
partir da consulta dos registros de conhecimentos, a exemplo da leitura,
vivências e práticas, estudo individual de documentos, etc.) (SILVA 2004, pp. 145 e 146).
Facilitadores do trabalho com o formato tácito
do conhecimento
Com base em pesquisas e
estudos realizados por diversos pesquisadores, entre eles Allen (1977),
Mcdermott (1999), Gupta & Govindarajan (2000), Wenpin (2000) e Ghoshal
& Nahapiet (1998), Silva destaca três facilitadores que otimizam os
processos de conversão em que o conhecimento tácito está presente, sendo eles:
(1) Redes de trabalho ou comunidades de prática (redes espontâneas e informais
que ligam pessoas experientes e preparadas para atuar em grupo, de dentro e de
fora da empresa, na busca de novas abordagens para problemas comuns, por meio
da na troca de experiências): (2) Capacidade criativa e de inovação existente
na empresa (fruto da presença de talentos individuais, da motivação fornecida
pelo ambiente organizacional, para a proposição de idéias e soluções originais,
e do estímulo ao compartilhamento de experiências individuais no ambiente de
trabalho); e (3) Capacidade de aprendizagem
individual e organizacional (traduzida como sendo a habilidade das pessoas para
“criar (externalizar), adquirir
(internalizar) e disseminar (socializar) conhecimentos, assim como modificar
comportamentos a partir da reflexão sobre estes conhecimentos” Garvin
(1993). (SILVA 2004, pp.146 e 147).
Facilitadores do trabalho com o formato
explícito do conhecimento
Aqui também, Silva
apresenta três facilitadores do conhecimento explícito, sendo eles: (1)
Construção da Memória Organizacional que contém o conhecimento explícito (lessons
learned): registro objetivo das
vivências, erros identificados e soluções adotadas (segundo Birchall & Smith (1998), o registro deve ser feito a partir de
texto enxuto, redação impessoal, de fácil leitura e compreensão
do que foi redigido); (2) Preocupação com as formas de melhor agrupar ou
organizar os conhecimentos explícitos (combinação), de modo a que possam ser
encontrados facilmente e reutilizados em outros contextos; e (3) Os recursos de
Tecnologia da Informação (SILVA 2004, p.147).
Aplicações da tecnologia da informação na
gestão do conhecimento.
Segundo Silva, as
principais aplicações da TI no que diz respeito à otimização do processo de
conversão dos conhecimentos são: facilitar que pessoas sejam encontradas (contatadas)
visando à socialização de conhecimentos tácitos; contribuir com o tratamento e
transmissão do conhecimento explícito (externalização: registro do conhecimento
e internalização: agilizar o acesso ao conhecimento explícito); facilitar o
trabalho em rede, podendo manter os conhecimentos descentralizados junto aos
locais em que são mais gerados e/ou utilizados (Davenport et alii, 1998);
melhorar o grau de interatividade do usuário com os registros de conhecimentos
(por exemplo com as lessons learned) (Davenport & Prusak, 1998). (SILVA 2004, p.148).
Para Silva, as tecnologias
de informação (TI), se classificam em duas linhas: (1) as tecnologias centradas
no indivíduo (human-centric technologies), mais úteis para
auxiliar na internalização do conhecimento explícito (p. ex.: sistemas
interativos, hipertexto, multimídia para
a aprendizagem, ferramentas de groupware etc.), e (2) as
tecnologias centradas na máquina (machine-centric technologies), adequadas
às tentativas de externalização do conhecimento tácito e na combinação dos conhecimentos
explícitos (p. ex.: bases de dados, sistemas especialistas, ferramentas de
suporte à decisão, agentes de busca na internet etc.). Esses sistemas desdobraram-se
em inúmeras linhas de atuação, e dentre as apresentadas pelo autor destaco:
criação do conhecimento a partir do cruzamento de dados e informações presentes
em bases de dados (p.ex.: data mining, data warehousing);
representação do conhecimento em sistemas especialistas e redes neurais que
procuram automatizar a tomada de decisões (Speel & Aben, 1998; Milton et
alii, 1999); melhoria da dinamicidade da representação do conhecimento
explícito e das vivências registradas (lessons learned ou best/bad
practices) (Liebowitz et alii, 1998; Vriens & Hendriks, 1999).
(SILVA 2004, pp.148 e 149).
O autor também dá destaque
à evolução
no trabalho com o conhecimento através dos recursos da internet, ressaltando por orientação de (Dieng,
2000) que “dos anos 90 até os dias atuais, a evolução e a disseminação da
internet (e intranets) têm concentrado as principais aplicações da TI para a
gestão do conhecimento”. Como principais
contribuições dos recursos da intranet/internet ressaltados pelo autor, temos: facilitar
o diálogo e a interação (listas de discussão); aumentar o uso de metáforas, analogias
e protótipos para clarear o que estava originalmente confuso e obscuro
(gráficos); relacionar conceitos e organizar os repositórios de conhecimentos para
melhor acesso e trabalho cognitivo (Hyperlinks); facilitar a integração do
conhecimento organizacional pela capacidade de trabalhar com plataformas
diferentes e padrões abertos (Scott, 1998); facilitar
o acesso aos diferentes conhecimentos explícitos acumulados na empresa, com uso
personalizado de acordo com as preferências e necessidades de cada pessoa (Maurer,
1998); permitir que se façam comentários ou que se criem grupos de discussão
virtuais (groupware forum) sobre conhecimentos e outros assuntos,
facilitando a externalização de experiências e opiniões, com o envolvimento de
colaboradores, clientes, fornecedores, consultores (Bolisani & Scarso,
2000); suportar treinamento virtual das pessoas na empresa (baixo custo
envolvido e rapidez em conectar várias pessoas em pontos remotos ou em diferentes
fábricas da corporação); auxiliar na formação de portais com o objetivo de
centralizar o acesso à intranet da empresa e a sites relacionados ou de
interesse da empresa na internet (Koulopoulos & Reynolds, 1999). (SILVA 2004, pp.148 e 149).
No
que diz respeito às perspectivas recentes em relação ao uso da tecnologia da
informação para a gestão do conhecimento Silva destaca os sistemas ERP (Enterprise Resource Planning), empregados
pelas grandes empresas desde os anos 90, os quais se tornam ferramentas de
impacto na GC à medida que tem como foco intermediar a ação de pessoas,
aproximando quem domina determinados conhecimentos de quem os está necessitando.
Outros sistemas de suporte a GC são os CRM (Customer Relationship Management)
que tratam de informações sobre clientes (SILVA
2004, pp.149 e 150).
Considerações finais
O autor volta a enfatizar
o objetivo da obra qual seja “contribui
para tornar mais nítidos e aplicáveis os formatos e conversões do conhecimento,
conceitos extremamente relevantes e ainda carentes de mais estudos para seu
amplo entendimento e aplicação em modelos de gestão do conhecimento para
diferentes tipos de organizações” (SILVA
2004, p.150).
05.
ANÁLISE CRÍTICA
Reputo o artigo como sendo de leitura agradável e didática, no entanto,
não acrescenta muita coisa aos estudos anteriormente feitos sobre gestão do
conhecimento. Outro aspecto a ser ressaltado é que a opção do autor por focar o
lado operacional da criação do conhecimento a partir das
aplicações da TI no processo de conversões do conhecimento, exige,
necessariamente, que se tenha feito leitura prévia sobre conhecimento, gestão
do conhecimento e sua integração com os processos e
estratégias competitivas das organizações. Consciente disso, o autor sugere
durante todo o decorrer deste artigo, a leitura de seu artigo anterior “Informação e
competitividade: a contextualização da gestão do conhecimento nos processos
organizacionais”, o que também, recomendo para uma para uma melhor
compreensão da temática aqui abordada.
06.
IDENTIFICAÇÃO DO AUTOR
Sergio Luis da Silva possui graduação em Engenharia de Materiais pela
Universidade Federal de São Carlos (1991), mestrado em Engenharia de Produção
pela Universidade Federal de São Carlos (1995) e doutorado em Engenharia
Mecânica São Carlos pela Universidade de São Paulo (2002). Atualmente é
Professor Adjunto da Universidade Federal de São Carlos e membro de corpo editorial
da Product (IGDP) É revisor dos seguintes periódicos: Ciência da Informação,
Produto & Produção, Product (IGDP), Gestão e Produção (UFSCar), GEPROS (Gestão
da Produção, Operações e Sistemas), Produção (São Paulo), Revista Produção
Online, Revista Eletrônica Produção & Engenharia e do Brazilian Journal of
Operations and Production Management. Tem experiência na área de Engenharia de
Produção, com ênfase em Engenharia do Produto. Atuando principalmente nos
seguintes temas: Gestão do conhecimento, Indústria automobilística brasileira,
Desenvolvimento de Produto.
Informações disponíveis em http://www.dci.ufscar.br/departamento-de-ciencia-da-informacao/docentes. Acessado em 23 de junho de 2013.
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Nadja Pessoa do Amarante
Aluna
do MPGOA – Turma 3